Para: Dellani Lima, Uirá dos Reis, Joacélio Batista
De: Mariana Smith
A idéia de fazer uma residência e laboratório de criação em Fortaleza veio do desejo de propor uma troca de experiências, a partir de uma imersão,
com produção de imagens e sons dentro de nossos universos poéticos, de modo a tangenciar olhares e se deixar permear por percepções diferentes.
Não existem regras pré-estabelecidas de antemão,
até gosto delas de vez em quando, mas acredito q possamos decidir
juntos se acharmos necessário desenvolver algum tipo de dispositivo
para trabalhar.
Na verdade temos um dispositivo a priori que é o nosso encontro,
proporcionando que não só os dois artistas
de BH se desloquem, mas nós, de Fortaleza, também nos desloquemos na cidade e pelo encontro, dentro da proposta de imersão.
Para o Laboratório de Criação em Imagens e Sons, fiz questão, propositalmente, de separar som de imagem,
para não pensarmos algo já estabelecido como o audiovisual, mas
os meios livres - a criação sonora como um meio possível e independente também.
Portanto desvinculamos a imagem do "audiovisual" - cinema -
gosto de pensar a liberdade da imagem nos filmes de artista, numa
outra relação.
Conceitualmente, o tom inicial dado ao projeto, pensa a dicotomia dos Horizontes da "cidade-mar" e da "cidade-terra".
A "cidade-mar" pensa o mundo delimitado pelo infinito, a cidade que se delimita no horizonte-abismo. A "cidade-terra", pelo que me traz a memória, avista o longe, muito longe até cansar, ao sem fim.
Dessa diferença de horizontes veio o desejo de criar uma ponte de trocas com artistas mineiros.
Sinto meu corpo completamente preso ao mar, sei que esse limite
geográfico é em mim um quase limite fisiológico.
Por outro lado, temos nas duas cidades, especificamente, algumas semelhanças também - como o fato de serem cidades médias e de margem no país.
Essas foram e são algumas das minhas motivações.
Ao longo do processo acredito que teremos contato com várias outras
idéias e percepções de espaços e estados do corpo.
Até já!
Mariana